
Uma Perspectiva sobre o Treino do Bailarino de uma Crew HHI
Atualizado: 27 de jan.
Ferramentas para a criação de uma mentalidade individual de disciplina
de treino.

O potenciamento da performance motora, inerente à dimensão artística da dança,
pressupõe, inequivocamente, uma elevada carga horária de treino.
Cada vez mais e cada vez mais cedo, as escolas de dança começam a sujeitar os
seus alunos a cargas de treino de elevada intensidade e duração, o que requer
conhecimentos e formação adequados dos agentes formativos envolvidos, nomeadamente
os crew leaders. A sua experiência artística é muito importante, mas
será tão mais eficaz se complementada com conhecimentos específicos de motricidade,
fisiologia do movimento e metodologia do treino.
A eficiência e eficácia do gesto ou movimento estão dependentes da forma como
estes são trabalhados nos processos de treino e o treino tem de ser estruturado,
tendo como base as necessidades motoras de cada estilo de dança. ⠀
A motricidade e personalidade de movimento é que tornarão os passos
diferentes, por isso, a génese do treino do bailarino de streetdance tem de estar,
numa primeira fase, no entendimento das nuances mecânicas, estéticas e energéticas
que sustentam cada estilo de dança.
Pensemos nas varáveis que estruturam cada estilo de dança no universo do bailarino
de streetdance, tendo sempre em consideração que estas variáveis não têm
como base posições estáticas, mas sim fisicalidades e padrões de movimento.
1 - Flow, movimento corporal contínuo, ou Groove, movimento repetitivo ao ritmo
da música, são dois conceitos basilares e o processo de treino deve começar precisamente
pela sua exploração e conhecimento. Dentro do groove temos o rock e o
bounce, que são os dois padrões de movimento estruturantes.
2 - Trabalho técnico: aqui, incluo diversas varáveis, que devem ser tidas em consideração,
como sejam as Foundations ou Party Steps e aquilo que designo de Fisicalidade
Técnica, na qual incluo transferências de peso, deslocamentos e exploração
espacial, trabalho de níveis, ritmo, isolamentos, ondulações, contrações, oposições
e assimetrias, torções, trabalho articular, slow motion, frame, loop, repetições, acelerações.
Incluo ainda o Footwork e Floorwork. Estes dois conceitos, por si só, requerem um treino muito diferenciado.
Existem outras variáveis a ter em conta no processo de treino, mas fiquemos pelas
acima descritas. A panóplia de mecânicas de movimento e dinâmicas físicas apresentadas,
por si só, ilustram bem o trabalho técnico que um bailarino de streetdance
tem pela frente. O desafio está, então, na forma como cada uma destas mecânicas
é trabalhada, ou seja, no entendimento duma filosofia de treino.
Na minha opinião, o treino deve ter uma fundamentação funcional, isolando numa
fase inicial, mas sempre com uma direção holística e sustentada pela integração
inteligente de diferentes capacidades físicas no treino da função. Com efeito, acredito que
o gesto nunca pode ser visto como um padrão isolado da fisicalidade do estilo da
dança em causa. Isto são os princípios básicos para um formando em streetdance.
No próximo artigo falaremos sobre a preparação física básica que qualquer atleta/
bailarino tem de ter para melhorar a sua performance e prevenir lesões.
Autor: Vitor Fontes (2021)